Do que as crianças são feitas?

Quantas e quantas vezes falamos da criança? Aquela que fomos nós, hoje adultos e aquela que chamamos de criança interior?

Interpretamos e muito escrevemos sobre ela.  Sabemos mesmo do que são feitas?

De doces, sonhos, brincadeiras, alegrias?

De dores, pesadelos, trabalho escravo, tristezas?

Não pense que ser feliz é apenas ter nascido e crescido em berço de ouro.

Não pense que ser triste é apenas ter nascido e crescido num ambiente de guerras.

Manipulamos palavras, escondemos sentimentos e desacreditamos de nossos potenciais inatos.

Trazemos à luz apenas aquilo que menos gostamos em nós e nos outros.

Do que são feitos nossos dias infantis? Nossos sonhos guardados a sete chaves naquele baú que junto tem nosso amigo imaginário? Nossas falas não ditas quando a brincadeira tornou-se mais mágica?

A vida passa num sopro de vento que empurra o navio pirata. Num pó mágico que a fada traz para nos fazer voar. Naquele menino que aprendeu a falar com os animais. Na sereia que canta e encanta os mares profundos. Nos avós que contam histórias para dormir. Nas tradições que subsistem mesmo que não as queiramos mais contar nem viver.

No que transformamos o tempero e o fermento que nossas vidas ganharam quando decidimos viver a  magia da grande aventura de crescer?

Descobrir nossos ingredientes secretos é a fórmula para ganhar novas cores, rimas, amores e músicas fantásticas que nos farão, enfim, visitar as galáxias que compõem nossos desejos mais profundos.

Deixando que a flor de lótus guardada em nosso coração floresça em todo seu brilho e graça à luz daquela lua mágica que sempre nos acompanha e segue nos dizendo: avante, seja feliz!

Leatrice Coli Ribeiro Pedroso
Academia Santanense de Letras – cad. Nº 24
(opinião particular, não necessariamente reflete o pensamento dos Confrades)

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