Processo de limpeza e transformação
Todo processo de limpeza e transformação interna ainda é dolorido.
Quando aceitamos que essas dores estarão nos libertando de nossas próprias amarras, estaremos no caminho de sofrer menos, pois compreenderemos o próprio processo da vida.
A vida não nos quer infelizes, pelo contrário, nascemos para amar profundamente e, antes de mais nada, nascemos para aprender a nos amarmos profundamente, sem reservas, sem restrições, liberando de nossos corações toda a luz e o próprio amor que somos em essência.
Pode não ser fácil, ainda, admitirmos que em nós existe essa luz e esse amor, suficiente para ser a nossa libertação e a dos que nos cercam, pois ainda acreditamos que não merecemos a felicidade.
Mas quem nos disse que não somos merecedores, em primeiro lugar, de perdão? Do nosso próprio perdão por todas as vezes que escolhemos trilhar um caminho mais desafiador e que nos ensinou e ensina de maneira mais dura o que precisamos aprender para nos conscientizarmos desta essência de luz e amor que somos?
Todas as vezes que nos desviamos da nossa essência acabamos causando a nós mesmos todas as dores que estão nos acompanhando há milênios, como humanidade podemos observar isso, até agora nos machucamos mutuamente com orgulho, desprezo, inconstância, desrespeito e tantos sentimentos e ações “negativos”.
Procuramos no outro a cura para a nossa própria ferida, aquela que não deixamos que seque e cicatrize pois estamos sempre mexendo e remexendo, principalmente com o sentimento que devemos nos torturar pois a ferida existe, mantemos acesso o sentimento de que, se ela existe, é porque fizemos algo errado e ela está ali para nos lembrar e relembrar de nosso “mau passo”.
Quando nos dermos conta de que a ferida está ali, sim, como memória de nosso aprendizado mais duro, conseguiremos deixá-la cicatrizar exatamente como ela é: a lembrança de nosso crescimento de forma mais desafiadora.
Para exemplificar: se temos dois caminhos a percorrer, que irão nos levar, na teoria, para chegar ao mesmo lugar, temos a opção de escolher um dos dois, é claro. Se somos mais aventureiros podemos escolher passar pela floresta que tem mais obstáculos visíveis do que pela planície de flores, que os obstáculos aparentemente são inexistentes.
Na escolha deste caminho também estamos escolhendo os obstáculos que serão nossos desafios para chegarmos a nosso destino, o que ocorre é que normalmente não nos damos conta de que esses obstáculos existem e, quando aparecem a nos testar na nossa capacidade de escolha, geralmente “culpamos” quem nos acompanha por estarmos neste caminho e não no outro.
Esquecemos que a escolha foi nossa, por menos consciente que tenha sido, por menos que tenhamos previsto a existência deste ou daquele obstáculo, nós decidimos trilhar esse caminho e não o outro e não há erro nisso, há apenas a escolha de uma das tantas possibilidades que apareceram à nossa frente.
Mesmo ainda sendo um processo duro essa questão de aprendermos a caminhar pela vida, mais por nossa própria teimosia que pelos obstáculos que encontramos, todos estamos destinados a sermos felizes, a reencontrarmos nossa essência de luz e amor e fazermos de nossas caminhadas terrenas um desafio cada vez mais fácil, mais simples e mais suave.
Não somos destinados a sofrer. Somos destinados a amar e amar profundamente, começando conosco e aí ampliando a todos que conosco estão na caminhada, desde os mais próximos até toda a humanidade na qual estamos inseridos.
Quando começarmos a tratar cada caminho que estamos percorrendo como aquele mais adequado a nosso próprio crescimento e evolução conscientizaremos a nossa coautoria em nossa caminhada, aquilo que costumamos chamar de destino.
Posso entender destino como a consequência de cada escolha que vamos fazendo ao longo da vida, com mais esclarecimento ou menos, todos vamos escolhendo, desde o pé com o qual levantamos da cama a cada dia, até a reação e ação que teremos frente a determinada situação.
Muitos dirão que não temos como escolher a reação, pois ela é quase automática, é instintiva na maioria das vezes, sim, concordo que assim seja, mas por trás desta automação, deste instinto, estão nossas escolhas primárias, aquelas que viemos definindo como parte de nosso caráter primordial e nossa personalidade congênita e que vamos burilando a cada passo que vamos dando.
Trazemos conosco um conjunto de valores quando nascemos, tanto nosso quanto aqueles que são parte da cultura na qual estamos inseridos – nossa família, a cidade e o país. Quando dizemos que somos desta ou daquela maneira estamos apenas dizendo que este ou aquele conjunto de valores ainda se manifesta mais em nós por nossas próprias escolhas, conscientes ou inconscientes.
Muitas vezes nos sentimos “um peixe fora d’água”, sentimos que não fazemos parte do contexto no qual estamos vivendo. Isso porque ainda nos consideramos como seres ligados a apenas um lugar, aquele que nascemos, a cidade e o país, mas e se considerarmos o que a física quântica diz que somos um só, que todos estamos ligados, será que em vez de sermos de determinado lugar poderemos nos considerar apenas do planeta? Como uma enorme comunidade global?
Considerando que a humanidade hoje está em uma civilização tecnológica que nos aproxima virtualmente de várias culturas diferentes, também podemos considerar que isso é para que entendamos que não há toda essa separação que ainda teimamos em manter entre nós, que dirá, manter dentro de nós as separações que ainda mantemos.
Dores, mágoas, traumas são mantidos pois não consideramos apenas caminhos de aprendizado, ainda estamos considerando como modo de vida, ainda nos aferramos a conceitos e preconceitos passados de geração em geração sobre atitudes que devemos ou não ter.
Trazemos dentro de nós um código de luz e amor, impresso em nossas almas e que transparece em nossos corpos físicos, quando adoecemos é porque estamos desconsiderando esses códigos de limpeza e transformação e mantendo toda a sujeira que ao longo dos milênios fomos criando e que se transformaram nas crenças que hoje ainda teimamos em manter e que não fazem mais sentido.
Hoje somos planetários, por que ainda teimamos em nos separar de nós mesmos e dos outros?
Por que não descobrimos dentro de cada um de nós, nas diferentes culturas e nos diferentes lugares aquilo que mais tem conexão conosco, aquilo que mais ressoa com nossa própria essência e vamos transformando todas essas dores, tristezas, mágoas e traumas em um caminho de aprendizado de quem somos e do que queremos de verdade?
Muito falamos em fazer um mundo melhor para deixarmos para nossos filhos e netos. Por que apenas para eles? Por que não já para nós mesmos que aqui estamos nos libertando de tantas e tantas amarras? Buscando compreender a profundidade que é nossa vida? A grandeza que é sermos luz e amor em essência?
Aprender a amar a si mesmo ainda é um caminho dolorido por acharmos que não merecemos a felicidade. Aprender a valorizar os bons momentos ainda nos remete a um “pecado original” que nos tira a possibilidade de sermos cada vez melhores e termos cada vez mais coisas boas por “culpa” de alguém.
Limpar as cargas doídas que trazemos conosco requer nos reconectarmos profundamente com nossa essência e escolhermos a limpeza, a faxina de tudo o que não nos serve mais, para isso, teremos que abrir as portas de nossos corações e de nossas mentes, enxergar bem de perto tudo o que seja desnecessário e, como fazemos quando jogamos algo fora em nossas casas, escolhermos jogar “no lixo” da vida, tudo o que não queremos mais que nos faça ficar apegados a uma situação ou pessoa que não é mais adequada a nós.
Muitos consideram isso como desamor por isso não trabalham consigo nesta faxina pois ela vai transformar profundamente a nossa maneira de encarar os desafios da vida: vai nos fazer enxergar a leveza com a qual a vida quer nos ofertar seus ensinamentos e que não precisamos passar por infelicidades e dores para sermos cada vez melhores, mas precisamos, isso sim, abrir a nós mesmos, cabeça e coração, para desafios de luz e amor.
Somos todos um, é o que nos diz a física quântica, então: o que eu transformo, curo e limpo em mim haverá de, necessariamente, ser transformação, cura e limpeza na humanidade toda. Estamos dispostos a colaborar uns com os outros? Devemos compreender, primeiramente, que não teríamos florescido como raça humana neste mundo se não tivéssemos colaborado uns com os outros nos primórdios da terra, visto sermos um dos animais mais fracos da cadeia alimentar.
Conseguimos colaborar antes, por qual motivo não o fazemos novamente? A construção de um mundo melhor, interno e externo, é escolha absolutamente nossa, como pessoas e humanidade só nós podemos nos transformar, nos curar, nos limpar e sermos a luz e amor que somos em essência e aí sim, veremos o mundo que queremos tornando-se realidade ante nossos olhos.
Quando um sorriso vem e nos assalta com paz é porque estamos no caminho certo. A vida tem muitas maneiras lindas e maravilhosas de nos fazer compreender nossa grandeza como seres humanos, apenas que antes de vermos tudo isso, teremos que limpar algumas cascas que criamos ao longo das eras.
Nada que não possa ser feito, mas depende exclusivamente de nós. Estamos dispostos a sermos luz e amor em nossas vidas? Tudo começa em nós: limpeza e transformação.
Leatrice Coli Ribeiro Pedroso
Academia Santanense de Letras – cad. Nº 24
(opinião particular, não necessariamente reflete o pensamento dos Confrades)
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