Qual o motivo de viver?

Qual o motivo de viver?

“Para quem tem um motivo de viver, não importa o modo de vida”

“Escutei” essa frase várias vezes ao estar assistindo a um seriado chamado “Crônicas de Arthdal” e me chamou bastante a atenção, principalmente por começar a me questionar o sentido tão profundo desta frase.

Ao longo de nossa história humana fomos construindo comunidades, maiores e menores, tribos e impérios, todos, sem exceção, de uma forma ou outra, passam e deixam seu legado gravado em nossas memórias, seja no DNA ou na Alma.

Quando temos menos conhecimento formal, nossas vidas parecem mais simples, mais suaves, sem tantas complicações.

À medida que vamos avançando em conhecimento e, consequentemente, tecnologias que modifiquem nossas existências, parece que algo “se perde” pelo meio do caminho.

Nos encontramos hoje, em várias partes do mundo, com pessoas em depressão, sem encontrar um sentido para suas próprias vidas, um vazio que não sabem explicar e que, muitas vezes, pensam que termina quando tomam a atitude extrema de sair desta existência por suas próprias mãos.

Mas o que é que dá realmente um sentido para a vida? Esta frase que escutei no seriado me fez pensar em algo bem interessante: tem que haver um “motivo” para continuar vivendo, continuar nesta experiência de crescimento e evolução que é a vida humana nesta terra, neste planeta tão abençoado que se dispôs a ser nossa morada para que nos tornássemos cada vez melhores e mais conscientes de nossa grandeza como seres especiais que somos, parte deste imenso Universo.

Parece uma visão romântica, mas se começarmos a estudar as diversas culturas ao redor de nosso mundo que consideramos tão “gigantesco” (mas que na verdade é menos que um grão de areia neste imenso Universo), veremos que todas elas trazem a noção de que somos maiores do que aparentamos aqui, que temos um “compromisso” espiritual e até galáctico de nos melhorarmos e crescermos todos juntos.

Sairmos de nossa condição de demônios e humanos e irmos para nossa condição de imortais e anjos. Seres destinados a crescer constantemente com um senso de justiça que faz valer a ajuda aos outros como forma de ter um motivo para sua própria existência.

Independente de nossos ardores como raivas, ressentimentos, paixões loucas, mágoas, somos seres que já estamos compreendendo que a vingança, a escravidão, o autoritarismo e a matança indiscriminada não fazem mais sentido.

Ainda há culturas para as quais isso é mais comum? Sim, ainda há, mas a maioria, mesmo as mais antigas culturas da terra, já se questionam a validade destes argumentos.

Há coisas importantes para serem mantidas como a lealdade e a fidelidade, elas alavancam as nossas vontades em construir algo melhor e, em grande parte, nos dão um sentido para continuarmos nossas caminhadas nesta terra.

Há descobertas que nos fazem curar feridas muito antigas que ainda trazemos como a discriminação entre pessoas que não tenham uma condição física considerada “normal” – me pergunto: o que é normal? Se formos considerar que todos pertencemos à mesma raça: a humana, as diferenças de pele, cabelo, peso, aparência são apenas “variantes” encontradas dentro da raça, o que é considerado uma espécie.

Por que podemos tolerar variantes na raça do gado ou de determinada planta, por exemplo e não considerarmos “natural” as variações nas espécies da raça humana?

Dirão alguns que não estou usando a terminologia científica correta, mas, qual o motivo da ciência existir? É justamente para fazer com que questionemos as bases antigas que nos guiavam para que encontremos novas bases, novos argumentos e novas respostas e, com isso, evoluamos cada vez mais.

Se assim não fosse, não teríamos saído da idade da pedra e não estaríamos tentando encontrar novas bases e novos argumentos para continuarmos nossa caminhada aqui, com todas as tecnologias implementadas nos últimos 100 anos.

Como raça estamos espalhados em quase todas as partes da terra, como espécies nos excluimos uns dos outros, qual o motivo? Todos temos uma cabeça, dois braços e duas pernas, com algumas variações morfológicas às vezes maiores e algumas “deformações” no padrão geral.

Mas também isso não ocorre com plantas e animais que coexistem conosco neste imenso habitat da terra? Por que nos considerarmos melhores para podermos excluir aqueles que consideramos “indignos” de estar entre nós?

Será que não é justamente essa discriminação que faz com que falte o nosso “motivo” para continuarmos crescendo e evoluindo? levantando com mais alegria a cada dia?

Consideremos o seguinte: somos uma das espécies animais mais frágeis da cadeia alimentar, na ordem natural dos fatos, somos a presa de uma grande maioria de outros predadores, acabamos sendo o predador de quase todos eles por um único motivo: com a nossa inteligência nos unimos, cooperamos entre nós lá nos primórdios já esquecidos de nossa humanidade e sobrevivemos, juntos, a muitas calamidades.

Que ao longo de nossa história fôssemos nos diferenciando e nos excluindo mutuamente, inclusive nos sentindo melhores por motivos variados e aí iniciando as questões de poder material e bélico que ainda temos, é uma outra vertente a ser estudada, mas aqui, quero questionar o nosso motivo de estarmos vivendo.

Cada um em sua cultura peculiar, em seu modo de vida, com suas alegrias e tristezas, com seu temperamento, com suas vontades e desejos.

O que nos faz levantar a cada manhã? Qual o motivo que nos dá força para continuarmos essa caminhada tão cheia de desafios, que nos torna mais fortes a cada um deles vencido? Qual a recompensa que temos ao mudarmos de nível no jogo da vida?

De forma linda, os jogos eletrônicos e até os mais tradicionais nos mostram isso: os desafios nos levam sempre e cada vez mais a melhores coisas: será que foi isso que nos deu a “falsa ilusão de poder”? E nos tornou uma raça humana com espécies tão desconectadas entre nós?

Será que nosso motivo maior não é justamente nos reconectarmos? Conosco e com todos os demais deste planeta?

Faz algum sentido eu estar sozinha neste vasto Universo de imensas possibilidades? Ou é muito mais agradável eu estar interagindo e cooperando com aqueles que estão comigo, nesta caminhada que nos leva a patamares tão mais luminosos?

O que é cultivar uma planta? O que é cultivar uma vida? O que é cultivar uma alma?

Questionamentos “escondidos” em todas as culturas, todos os grandes pensadores questionam… todos nós questionamos.

Quando teremos a “coragem” de nos dar o nosso real motivo para continuarmos aqui? Melhorando sempre e cada vez mais?

Qual o motivo de viver? Qual o sentido para buscar preencher um vazio se não pudermos nos questionar? Nos desafiar? Nos provar? E não é “matando” o outro, mas superando as próprias limitações, encontrando a força escondida dentro da própria vida, levantando a cada manhã com a garra do guerreiro que diz: hoje venço a mim mesmo e melhoro mais um nível da minha existência.

Lutar não é só para “matar” os outros, é principalmente o fato de desafiar a si mesmo em superar as “mortes” internas… escalar a montanha para chegar ao topo, agradecendo por poder ver a maravilhosa paisagem que está à frente.

Não é necessário dinheiro para isso, é necessária coragem para tomar a decisão e querer chegar lá, com maiores ou menores recursos e, numa grande parte da caminhada, com o auxílio dos que estão junto, também, fazendo a mesma escalada.

A vida torna-se mais suave com as mãos juntas para vencerem dificuldades.

Eis aí um belo motivo para continuar a caminhada da vida!

Leatrice Coli Ribeiro Pedroso
Academia Santanense de Letras – cad. Nº 24
(opinião particular, não necessariamente reflete o pensamento dos Confrades)

Permitida a reprodução desde que mantidos os créditos.

Lea Luz  Artes

 

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